Seu Ernesto Ronchi é filho de Francisco Ronchi e Maria Crepaldi Nascido no dia 26 de dezembro de 1928. Conversando com ele disse que se lembra como se tivesse acontecido por estes dias, que no final de maio de 1947, às 15h, encilhou o cavalo para vir para o Rio Maina, para começar a trabalhar na Companhia Catarinense. Se hospedou (pagando pensão) na casa de sua irmã Regina Ronchi, casada com Ernesto Baldesar. Só voltava para Caravaggio nos finais de semana.
No dia 1º de junho/1947 iniciou o trabalho na mina de carvão da Carbonífera Catarinense, permanecendo neste primeiro emprego até fevereiro de 1951.
Neste período o sr. João Zanete passou no setor da mina para se informar se o capataz João Ronchi, irmão de seu Ernesto, conhecia alguém com experiência e conhecimento em extração de carvão, pois precisava de pessoas responsáveis para tal trabalho para abrir uma emborcação de mina na localidade entre Colonial e Vila Visconde. Seu João Ronchi indicou seu filho Mário Ronchi e Ernesto Ronchi para este novo desafio.
Em seguida os dois iniciaram os trabalhos na nova empresa denominada Carbonífera Rio Maina. Nesta época os dois homens fortes do sr. João Zanete faziam um pouco de tudo para o andamento da mina. Faziam o trabalho até de agrimensura, tiravam o alinhamento da galeria, controlavam a produção de cada mineiro pois o salário dos mineiros dependia da produção de vagonetes de carvão extraídas até o final de cada mês.
Neste período a empresa da estrada de ferro Dona Tereza Cristina necessitava de carvão limpo e classificado mais ou menos num tamanho regular, para alimentar as caldeiras das locomotivas que faziam o transporte de carvão para Capivari (Tubarão).
Seu Ernesto ficou com a responsabilidade de controlar 50 escolhedeiras e a produção era controlada por caixotes de carvão. Estes caixotes tinham uma medida volumétrica de aproximadamente 20 litros. O salário das escolhedeiras variava em função da quantidade de caixotes classificados no final do mês, sendo o controle diário.
O que mais chamava atenção de seu Ernesto era Antônia Bonifácio, pois almoçava bem rápido e em seguida se metia no trabalho e no final do mês o resultado financeiro era diferenciado das demais.
As dificuldades da empresa de mineração eram tantas, que os trilhos para as linhas de transporte com vagonetes no subsolo eram fabricados com madeiras, trabalho duro que quando a parte superior do trilho estava todo deformado o trilho era arrancado e virado, e colocado novamente no lugar. Esta operação se repetia por três vezes.
Para a proteção do alevante não cair na cabeça dos mineiros era utilizado “axas” de madeira, fornecido por terceiros (colonos que extraiam dos seus bosques), porém, estas “axas” não eram serradas, mas rachadas, com machado que iniciava a abertura da madeira, em seguida se colocava umas cunhas de madeira e a golpes de marreta se terminava de abrir a madeira. Após este trabalho o colono carregava no carro de boi e fazia o transporte até o local da mina (partidas ao meio); o comprimento das “axas” era aproximadamente 1,20 metro.
Paralelo ao trabalho na mineração, seu Ernesto e seu Mário Ronchi empreitaram com o senhor Otávio Moreti a extração de carvão a céu aberto. Com eles chegaram a trabalhar aproximadamente 150 (cento e cinquenta) tombeiras de tração animal, para a retirada e transporte da cobertura do material sobre o carvão. Este trabalho era pago por área quadrada de material retirado.
Seu Ernesto também falou que um dia apareceu um senhor de cor morena conhecido pelo apelido de Baiano, vindo da região de Lauro Muller, se lamentando das dificuldades de alimentar a família, esposa e 6(seis) filhos. Vendo que se tratava de uma situação muito séria, seu Ernesto conseguiu não só trabalho, mas também uma pequena casa da empresa, para a família se alojar e o Baiano começar o trabalho.
Baiano vendo os filhos crescendo e as dificuldades também, precisava aumentar a renda para conseguir o sustento da rapaziada. Conversou com seu Ernesto para ver da possibilidade de financiar uma tombeira com animal, para fazer com que os filhos trabalhassem na mina do dia (céu aberto).
Seu Ernesto, vendo que se tratava de uma pessoa muito séria e com vontade de levar a vida avante, disse que podia conseguir a tombeira e o cavalo que financiaria a compra Em poucos dias Baiano apareceu com a tombeira e uma égua pitiça. De imediato seu Ernesto pagou o investimento e o retorno deste dinheiro era da seguinte forma: a medida que sobrava alguns trocados da despesa com a família do Baiano, seu Ernesto recebia uns trocados.
Provérbios Italianos:
L´uomo senza denari é un morto che cammina.
Um homem sem dinheiro é um morto que caminha.
L´ospite é come il pesce:dopo tre giorni puzza.
Hóspede é como peixe, depois de três dias fede.
Salta chi puó (Pula quem pode)
Le done non si toccanone anche con un fiore (Nas mulheres não se bate nem com uma flor).
Nota do portal: seu Antônio Pierini (falecido em setembro/2019) escrevia uma coluna no jornal Correio Riomainense (circulou no Rio Maina entre 2005 e 2019). Seu Ernestinho morreu em julho/2013.