A saga dos imigrantes italianos já é do conhecimento de todos. Não obstante cantado em prosa e verso, a fim de registro histórico, necessário ratificar o que os “mais velhos” replicam daquilo que ouvido dos seus nonnos.
Quando falamos em “mais velhos” estamos tratando dos octagenários e, se ouviram histórias dos seus nonnos, estamos falando aproximadamente de 130 anos atrás.
Então voltemos ao ano novembro de 1891 e a chegada das 7 famílias
Como contado pelos nonnos dos nossos nonnos, em novembro, dizem que dia 15, do ano de 1891, ali onde hoje é a comunidade de Poço 1 – localizada entre o bairro Metropol e Colonial – naquele monte que margeia a empresa Salvaro Indústria e Comércio de Madeira, donde escorria um belo rio, desceram as primeiras 7 famílias para ocuparem as terras que lhes foram reservadas.
O único livro escrito até o presente momento – O Imigrante, de 1990 (2ª edição, revisada 2015) – de autoria do saudoso Flávio Ronchi, escrito orientado pela fala e memória do imigrante Carlos Colombo, as 7 famílias – Colombo, Maccarini, Pirolla, Tinelli, Rabezzana, Pelozzato e Ronchi – desceram o morro da Sassara, amarrados com cipós pela cintura.
Contou seu Flávio Ronchi – por Carlos Colombo – que tantos outros chegaram em Nova Veneza, porém somente essas sete famílias aceitaram o desafio de ocupar uma região que ainda não haviam picadas ou caminhos abertos.
“Entre tantos que partiram juntos do país de origem, Itália, outro tanto que realizou a longa viagem dos trinta e seis dias, agora o grupo se reduziria ainda mais: restaram sete homens, chefes de famílias, que iriam em busca de outra região...” (pág. 33).
E se deu o nome de Rio Maina.
Essa questão, e acredito que não deva existir outra localidade com tamanha divergência, traz duas versões para o nome do distrito de Rio Maina.
No livro O Imigrante, seu Flávio Ronchi, sempre espelhado pela entrevista que fizera com seu Carlos Colombo, retrata a ideia de que, cansados pela derrubada da mata e famintos, os imigrantes se socorriam do rio para se refrescar e, bebendo da água, sentiam mais fome.
“Cansado e banhado de suor, o imigrante vai tomar água no rio, o que lhe dá fome. Antes da refeição aparece o aperitivo, e volta a dizer que a água lhe desperta fome. ‘L’áccua que fá de mangia’...Assim, entre idas e vindas, começava a distinção do lugar, quando dizia: ‘Na’den lá em Rio Manhá’ – originário do Bergamasco, o linguajar do imigrante que se propôs desbravar a região – e que na tradução para o brasileiríssimo significava: vamos ao Rio Maina” (pág. 41).
Na página 85 seu Flávio reproduz a entrevista com seu Carlos Colombo, tendo este, sempre no dialeto Bergamasco, falado: “Le per’que, quanda se biviva del áccua del rio, se vinhiva uma grand fám. E lura que guem comenchát a dí: El den a bif al áccua que fá de mangia”.
Mas existe outra corrente que defende a tese de que os imigrantes, para saciar a fome, receberam como alimento porções de farinha de mandioca e, acostumados na Itália com queijo, imaginaram ser queijo ralado. Quando abocanharam o “farelo” e decepcionados com o gosto, lançaram a farinha para dentro do rio dizendo “rio che la mangia” (rio que te coma).
Seu Flávio questionava a veracidade dessa tese dizendo que, à época, não existia engenhos de farinha de mandioca, portanto, não havia farinha de mandioca. E agora, quem tem razão? Se existia farinha de mandioca, ou não, a grande maioria dos riomainenses defendem o que o primeiro imigrante, seu Carlos Colombo, contou.
Logo em seguida chegam outras famílias.
Alguns anos mais tarde chegaram outras famílias de imigrantes. Na praça da igreja Santo Agostinho, no centro do Rio Maina, é possível visitar o monumento com o nome de todas as famílias. Também há um monumento no pé do morro da Sassara (bairro Poço 1), na entrada da empresa Salvaro Indústria de Madeiras, destacando aquele local como o lugar por onde chegaram os primeiros imigrantes.
E assim, os imigrantes italianos do rio che la manhá, aos poucos e com muita bravura, vão construindo a nossa comunidade. Em seguida, com a descoberta do carvão....