O Programa Monitora Milho SC divulgou um boletim com as primeiras 15 semanas de monitoramento da incidência de cigarrinha-do-milho e de sua infectividade para a safra 2023/2024. O relatório reúne dados coletados entre 24 de julho e 6 de novembro. Nele, técnicos e produtores podem verificar o número de cigarrinhas capturadas por semana nas lavouras acompanhadas em diferentes regiões de Santa Catarina. O monitoramento também apresenta a infectividade das cigarrinhas com os patógenos do enfezamento.
A cigarrinha-do-milho pode ser responsável por perdas de até 100% nas lavouras. Ela é inseto-vetor dos microrganismos causadores das doenças do complexo de enfezamentos, que têm sido uma grande preocupação para os agricultores brasileiros nos últimos anos.
Monitoramento da cigarrinha-do-milho
A maioria das lavouras catarinenses de milho está no fim do período vegetativo, já entrando no período reprodutivo, quando se forma a espiga. Alguns produtores estão na iminência de colher para silagem. “Percebe-se que, a partir da semana 8, muitas lavouras tinham poucos insetos (quadros em verde). Isso ocorreu devido ao manejo químico adotado pelo produtor”, explica a pesquisadora Maria Cristina Canale, do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar da Epagri (Cepaf).
Em Palmitos, no Extremo Oeste Catarinense, houve cinco semanas em que a incidência da cigarrinha ficou baixa. “Nessa localidade, geralmente encontram-se altas incidências da cigarrinha. O diferencial dessa propriedade foi a associação do controle biológico ao controle químico dos insetos”, explica a pesquisadora. Cristina acrescenta que, a partir de outubro, muitas chuvas têm ocorrido no Estado, o que pode estar impactando indiretamente no controle natural do inseto nas lavouras, devido à intensificação da ação de fungos que infectam as cigarrinhas.
Infectividade dos insetos
Com relação à infectividade, a maior parte dos insetos capturados está sendo diagnosticada com o fitoplasma do enfezamento vermelho, nas lavouras monitoradas em Águas de Chapecó, Caxambu do Sul e Palmitos (Oeste Catarinense), e em Major Vieira (Planalto Norte). “O espiroplasma não tem sido encontrado com frequência. O manejo do inseto nas fases iniciais pode ter contribuído com a queda na infectividade nas semanas 5 a 8 do monitoramento, que correspondem a parte do período crítico da infecção da lavoura”, diz Cristina.
Atenção com o milho voluntário
A pesquisadora reforça que não se pode negligenciar o manejo da cigarrinha durante a implantação da lavoura, até o estágio V8. “Neste momento, o agricultor deve eliminar o milho tiguera (voluntário) que está se desenvolvendo em outros cultivos, como a soja. Essas plantas servem de “voluntárias” manutenção dos patógenos dos enfezamentos e para abrigo da cigarrinha, e vão servir de inóculo para o milho safrinha, que é semeado geralmente na segunda quinzena de dezembro, até janeiro”, detalha.
O programa Monitora Milho SC é uma iniciativa do Comitê de Ação contra Cigarrinha-do-milho e Patógenos Associados. Esse comitê integra membros da Epagri, Udesc, Cidasc, Ocesc, Fetaesc, Faesc, CropLife Brasil e Secretaria de Estado da Agricultura.
Aplicativo de monitoramento da cigarrinha
Para ajudar a cadeia produtiva no monitoramento e controle da cigarrinha-do-milho em Santa Catarina, a Epagri desenvolveu o aplicativo Monitora Milho SC. Esse app, disponível para download gratuito, permite aos produtores e técnicos acompanhar a incidência da cigarrinha-do-milho para tomar decisões mais precisas sobre o manejo. A ferramenta também traz informações sobre a infectividade da cigarrinha com os patógenos do complexo do enfezamento: fitoplasma do enfezamento vermelho, espiroplasma do enfezamento pálido e vírus-da-risca.
A recomendação da Epagri é que os produtores e técnicos mantenham uma rotina de acompanhamento dos dados do aplicativo, porque o status de infectividade do inseto pode mudar de uma semana para a outra. Para saber como fazer o manejo da cigarrinha-do-milho, o produtor deve procurar a Epagri do seu município ou o Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf).
Mais informações: Maria Cristina Canale, pesquisadora da Epagri/Cepaf: (49) 2049-7525.