Técnicos em Mecatrônica formados pelo Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) estão se preparando para representar o Brasil na Robocup, competição mundial de robótica que acontece de 11 a 17 de julho em Bangkok, na Tailândia. Eles conquistaram a vaga ao vencer a modalidade prática da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) em 2021, na primeira vez em que estudantes do Estado foram campeões da competição. Agora, eles buscam apoio, através de uma campanha de financiamento coletivo, para custear parte da viagem.
A Robotron é composta por Kamylo Porto, Kauan Fontanela e Lucas dos Anjos, recém formados no curso técnico em Mecatrônica do IFSC Câmpus Criciúma. Eles serão acompanhados na Tailândia pelo professor do IFSC, Paulo Sergio Gai Montedo. Como símbolo, a equipe escolheu a Gralha-Azul, ave que ocorre em Santa Catarina, especialmente na região serrana, e é conhecida por ser organizada e trabalhadora. A sugestão foi do professor de Biologia do IFSC, Pedro Rosso, e o mascote foi o mais votado em uma enquete realizada pela Robotron na internet.
Campanha de financiamento
A equipe busca apoio para custear a viagem. O orçamento, que prevê gastos com passagens, hospedagem, alimentação, documentações, inscrição e confecção do robô gira em torno de R$ 75 mil. A Robotron deve ser apoiada por uma empresa de Sangão, cidade de dois dos integrantes da equipe, pela prefeitura do município e também pelo IFSC.
Em razão do alto custo da viagem, porém, a Robotron está fazendo um financiamento coletivo para alcançar o valor que falta para fechar o orçamento. “É um custo bem elevado com viagem, estadia e confecção de um robô capaz de competir no mundial”, explica Kauan. Uma campanha criada na plataforma Vakinha busca arrecadar R$ 15 mil.
“Querem ir para vencer”
A Robocup, ideia de pesquisadores japoneses nos anos 90, é uma competição internacional de robótica que acontece anualmente desde 1997. Com o objetivo de fomentar a pesquisa em desenvolvimento robótico e inteligência artificial, a Robocup reúne equipes de jovens do mundo inteiro que participam de diferentes modalidades de competição.
A equipe catarinense vai participar da RoboCupJunior, na modalidade Rescue Line, que consiste na movimentação do robô de forma autônoma sob um percurso demarcado por linhas e obstáculos, além de performar uma simulação de resgate de vítimas em uma área aberta, sem as marcações de linhas. “Nosso projeto de robô bebe de diversas fontes. Estamos usando bastante dos registros de competições anteriores para ter um bom estudo, além de implementar ideias novas”, diz Kauan. O desenvolvimento do projeto ainda está na parte de prototipagem.“Logo mais pretendemos divulgar atualizações quanto ao processo no nosso site e perfil do Instagram”, conta.
Para Paulo Sérgio Montedo, professor orientador do trio, o evento vai ser um aprendizado. “Esses alunos vão representar nossa região, vão trazer muita experiência. Eles querem ir para vencer. São uma equipe muito qualificada”, diz.
Construção do robô
Neste momento, o Kamylo, Lucas e Kauan trabalham na modelagem do robô, usando o software Solidworks, onde são feitas simulações e identificados problemas a serem corrigidos. O passo seguinte é a confecção do robô, que terá peças em acrílico, MDF e outras feitas em impressora 3D. “Tudo depende da utilização da peça. Por exemplo, as laterais do robô serão em acrílico, dessa forma, temos um acabamento muito legal, precisão muito alta, resistência e pouco espaço ocupado”, explica Kamylo.
O principal desafio para a Robotron é a montagem de todos as peças, fios, motores, câmeras e sensores, que devem funcionar em perfeita sintonia para que o robô execute a programação. No ano passado, a OBR foi disputada em uma plataforma virtual. Agora, a disputa será com um robô físico. “Às vezes um sensor pode não estar funcionando por conta de um fio solto, bateria com pouca carga, ligação incorreta. Quanto mais componentes, maior a chance de algo não sair como o esperado. Além disso, existem inúmeros fatores em relação ao ambiente, como a iluminação não constante”, diz Kamylo.
Mas a Robotron está confiante, embora ciente de que estarão ao lado de equipes experientes, de diversas partes do mundo, que inclusive já venceram a RoboCup. “Sabemos que temos capacidade de chegar lá e fazer um grande resultado, como foram em outras competições passadas aqui no Brasil. Com muito esforço e dedicação, tudo é possível”, acredita.