Respiramos uma sociedade internetizada, ou seja, da criança ao idoso, a tecnologia tem tornado as pessoas cada vez mais atentas ao novo. Se [a tecnologia] proporcionou inúmeras facilidades para a vida do ser humano moderno, viabilizando, inclusive, a oportunidade de conhecermos o mundo sem sairmos de nossas casas, por outro lado, ela desenvolveu asas para que malfeitores também pudessem voar.
Sim, a modernidade fez rever o modelo aplicado as diferentes formas de policiamento. O que nos faz pensar que, independente do cargo que ocupamos ou da função que exercemos, a verdade é que estamos fadados humana e profissionalmente a nos adaptar a esse novo modelo de sociedade. Isso porque, foi-se o tempo em que o policial militar apenas caminhava nas calçadas com as mãozinhas para trás como um sedento observador.
A realidade agora é outra. O whatsapp encurtou a distância e o tempo. As diferentes ferramentas tecnológicas tornaram as tomadas de decisões mais rápidas, eficazes e ao mesmo tempo insanas. Os números compravam o quanto somos desafiados, a todo o momento, por essa tal modernidade.
Tivemos crescimento nos índices de crimes praticados pela internet, os suicídios ganharam força, assim como a violência contra a mulher. A internet trouxe consigo a comodidade, mas também um vírus capaz de clonar diferentes tipos de senhas, perfis falsos, aplicativos maliciosos, lojas virtuais enganadoras e uma infinidade de concursos usurpadores pelo facebook.
Mas qual seria o desafio do policial comunitário nesse novo contexto?
Pois bem, se a modalidade de rádio patrulha é vista pela instituição como o coração da tropa, o policiamento comunitário pode ser considerado o seu rim. Logo, você não sabe o quanto esse órgão é importante para o bom funcionamento do corpo, até o momento em que o médico dá o diagnóstico de que o paciente necessita de hemodiálise.
Conciliar o policiamento presencial nas comunidades, escolas, comércios e indústrias em conformidade com o atendimento à aquele cidadão que está do outro lado da tela, seja no notebook ou no smartphone, tem sido o grande desafio dos policiais comunitários. Orientar, prevenir ou até mesmo tranquilizar os nossos internautas, sem perder a essência do modelo tradicional de aproximação é algo realmente desafiador.
Mediar conflitos seja uma simples perturbação do sossego alheio ou até mesmo atender ao pedido de aconselhamento daquela mãe que percebeu que o seu filho apresenta indícios de quem está conhecendo o famigerado mundo das drogas são atribuições tão importantes quanto conversar com aquela idosa que comprou um celular e tinha o desejo de se comunicar. Através desse policial, essa simpática senhorinha descobriria que a comunicação iria além do simples teclar, isto é, ela aprendeu a se comunicar através de áudios.
Somos realmente o policiamento de aproximação. Em nosso cotidiano, resolvemos atribuições que muitas vezes fogem de nossa alçada. Por isso não estranhe ao ver esse policial entregar na casa do seu vizinho de agasalhos a um simples sorriso.
Muitos traficantes caem, seja por meio das informações colhidas por nós, nos cafés tomados na casa da dona Maria Madalena ou através dos relatos do seu Barrabás, que é integrante da Rede de Vizinhos.
Se as formigas desenvolvem uma função de suma importância para a natureza, “removendo as camadas do solo e levando nutrientes do fundo para cima e vice-versa, deixando a terra saudável”, como sabiamente escreveu Caroline Ropero, o policial comunitário, atuando com objetivo semelhante, age na prevenção para que este mesmo planeta não caia em desordem. Prevenir será sempre a melhor opção!